Embora muito conhecida hoje em dia em tempos de iPhones, iPads e iPods, a Apple era pouco conhecida pelo grande público até a década passada, tudo que se sabia é que ela era uma "empresa que fazia computadores". Nesta nossa Era da Internet é praticamente impossível uma pessoa em nossa sociedade nunca ter mexido num computador, mas houve uma época em que computadores não eram um "eletrodoméstico que tinha em todas as casas", houve um tempo em que poucas pessoas tinham e/ou sabiam mexer num computador (e em geral era no trabalho...); Internet então, era uma utopia que nem os filmes de ficção científica previram com precisão. No meu caso quando eu era moleque meu pai mexia com escritório e essas coisas e muitas vezes ele tinha que fazer alguns relatórios em casa então eu meio que tive internet muito cedo, mas ela não era de se usar não pois era muito lenta, 14k não se dava e nem se da para fazer nada, eu até hoje não sei o que significa essa medida de velocidade mas por mim eu continuo sem saber.
Seja como for, sabia-se que existia a IBM, a Microsoft e outras empresas que vendiam essas "coisas", e também uma ou outra pessoa já tinha lido ou ouvido falar de uma empresa que vendia computadores caríssimos, ou seja, a tal da Apple. Que na época tinham seus produtos considerados luxuosos e agregadores de valores por serem caros mesmo sendo essa belezinha ai.
Embora tenham sido criados inicialmente para fazer cálculos, logo os computadores ganhariam muitas outras funções como substituir as máquinas de escrever (isso já não existia a muito tempo atrás), substituir o correio (e até o telefone hoje em dia) e logo alguém teve a ideia de fazer diversão eletrônica, surgiam os jogos de computador. Ainda nos anos 80 e 90, para quem tinha um pouco mais de recurso, era possível encontrar games para computadores como o PC e o MSX, mas o mais interessante é que a própria Apple, apesar de ter criado o primeiro computador pessoal popular não chegou a participar do mercado de games (ou consoles) ainda.

Não querendo imitar a Sony, a Apple nunca quis lançar seu console por conta própria e tentou fazer as coisas do jeito menos arriscado, iniciando uma parceria com uma empresa já tradicional no ramo dos games: a Bandai. A Bandai era inicialmente uma empresa de brinquedos e animação japonesa . Embora fizesse games para quase todos os consoles (principalmente Super Famicon, a versão japa do Snes), a Bandai chegou a ter seu console próprio chamado Playdia, mas este console era exclusivo do Japão pelo fato de a Bandai ser a única empresa a fazer games para ele e não ser tão famosa no Ocidente; com a oferta da Apple de uma parceria, era a oportunidade que a Bandai tinha de expandir seus negócios. Foi assim que nasceu o Apple Bandai Pippin, lançado em Março de 1995 no Japão e em Setembro do mesmo ano nos Estados Unidos. Um projeto ambicioso, que tinha a intenção de ser "mais do que uma plataforma para games, que no futuro poderia tomar outras formas, incluindo telecomunicações domésticas"; talvez ambicioso demais, a pretensão do Pippin só não foi maior que seu monumental fracasso.
Tecnicamente falando, o Pippin era praticamente um Macintosh disfarçado, usando o mesmo sistema operacional Mac OS Classic, a mesma placa-mãe dos Macs e até os mesmos tipos de CD-Roms (que, aliás, eram totalmente compatíveis com os computadores). Embora inicialmente a Bandai planejasse lançar o console sem acesso à Internet (ou aquilo que chamavam de Internet nos anos 90...) teve que voltar atrás nessa decisão e incluir um modem no console devido a pedidos feitos pelos consumidores após o anúncio do lançamento; esta foi apenas a primeira de muitas alterações técnicas que o console sofreu antes mesmo de ser lançado, o que em grande parte contribuiu para sua derrota. Foram produzidos inicialmente 100 mil unidades, mas estima-se que não foram vendidas mais do que 42 mil para as lojas e cerca de apenas 7 mil para os consumidores; ou seja, o console teria vendido então menos de 50 mil unidades em todo o resto do mundo! Por que esse fracasso de um console que seria tão bom?
Pra começo de conversa, o Pippin não foi nada grande assim; embora fosse um "mini-Mac", muitas das unidades vendidas apresentavam defeitos mesmo tendo ainda tão poucas unidades produzidas (e tem gente que até hoje reclama das "três luzes vermelhas da morte" do X-Box 360...) em grande parte devido às alterações de última hora feitas no hardware; pra piorar, o preço inicial não ajudava: 599 dólares, enquanto o próprio Playstation custava a metade (U$ 299,00). Lançado no meio da guerra Playstation-Saturn-Nintendo 64, o Pippin foi também um grande fracasso de marketing; embora tivesse toda a propaganda da Apple e da Bandai, seu público-alvo (os gamers) não se interessava: "Por que pagar tudo isso por um console desconhecido e com poucos games, quando eu posso ter meu próprio Playstation?"; embora fosse tradicional no ramo dos games, a Bandai não era lá muito conhecida fora do Japão, ao passo que o público secundário (fãs do sistema Mac e da Bandai) também torciam o nariz; ninguém tinha certeza se o Pippin era um Computador ruim de jogar ou um Videogame difícil de programar. Como eu disse, todos os games do Pippin eram compatíveis com o Mac, e as pessoas ficavam na dúvida se valia a pena comprar um Pippin (que talvez fosse apenas uma versão barata do Mac) ou um Macintosh tradicional; a maioria que podia escolhia a segunda opção.
Placa mãe idêntica aos Mac's da epoca

Devido ao pouco sucesso do console, o Pippin chegou a ser licenciado a uma terceira empresa, a norueguesa Katz Media, que pretendia lançar o console na Europa e no Canadá, como um Mac de baixo custo e tentando fazer uma integração via Internet em redes de shoppings, hotéis e hospitais; seria a primeira tentaiva de algo tão grande envolvendo uma rede de computadores numa época que a Internet não era tão popular, mas foi infelizmente outro projeto ambicioso que não deu certo. Lançado numa época que a Apple tentava se popularizar, o Pippin contou com mais um azar em sua curta carreira: o retorno de Steve Jobs à empresa. O co-fundador da Apple havia saído da empresa em 1985 devido a problemas que teve com os diretores, mas retornou em 1997 quando a Apple esteve à beira da falência (em grande parte graças também ao Pippin) para levantá-la das cinzas; para isto, ele começou boicotando os produtos que eram comercialmente um fracasso e também as imitações do Macintosh... e o Pippin era as duas coisas, literalmente a "maçã podre" do cesto! E vendo o fracasso que havia sido o console estava declarado o fim do console da Apple, apenas dois anos depois de seu lançamento, pouca gente sabe sobre o console pois a Apple pediu para que tudo quanto fosse lojas ou portais de games não comentassem sobre o console e como na época não havia internet (pelo menos o suficiente para que uma pesquisa de 6 minutos não levasse 8 horas) tudo que havia sobre o fracasso na época sumiu.
Embora o iMac seja considerado o primeiro computador sem entrada para disquetes, esta posição na verdade cabe tecnicamente ao Pippin, que não vinha com um leitor próprio (embora tenha sido lançado como um periférico), já que o console foi lançado dois anos antes do iMac;
O nome "Pippin" vem de Newtown Pippin, uma espécie americana de maçã, que é parente da espécie McIntosh (que obviamente dá nome a... ah, vocês sabem).
Obs.: Diferente dos outros consoles que foram apresentados nesta série, o Pippin foi lançado e comercializado; entretanto, seu prematuro fracasso e resultante cancelamento o tornam "digno" de figurar entre os Consoles Cancelados aqui do Museum.
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